29 novembro 2011

A Puta
Carlos Drummond de Andrade

Quero conhecer a puta.
A puta da cidade.

A única.
A fornecedora.

Na rua de Baixo
Onde é proibido passar.
Onde o ar é vidro ardendo
E labaredas torram a língua

De quem disser:
Eu quero A puta

Quero a puta, quero a puta.

Ela arreganha dentes largos
De longe. Na mata do cabelo
Se abre toda, chupante
Boca de mina amanteigada
Quente.
A puta quente.

É preciso crescer esta noite inteira sem parar
De crescer e querer
A puta que não sabe
O gosto do desejo do menino
O gosto menino
Que nem o menino
Sabe, e quer saber, querendo a puta.