SEXO
Anoiteceu
Todos se foram
Somos só eu e você
Em um universo só nosso
Ao deitar
Sinto sua respiração na minha face
Minhas mãos passeiam por seu corpo
Sua boca aproximando da minha
Com desejo
Com amor
Com carinho
Com calor
Sem palavras
Apenas gestos
Nada mais é necessário
Quando dois corpos se juntam
É instinto
Um compreende o outro
Descobrindo o que se promove nos demais instantes
As mãos se entrelaçam
Bocas respirando uma na outra
Exalando o que sentem
Transpirando desejos
Respirando tesão
Sussurrando gemidos
Até chegar no topo
O que era vivo
Morre por instantes
A mais erótica e intensa sensação
De amor, de tesão
Querem uma a outra
Por algo que vicia
E minutos depois
O ritual se inicia
Samara Deyse
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Seu Corpo
"Eu gosto do seu corpo
Eu gosto do que ele faz
Eu gosto de como ele faz
Eu gosto de sentir as formas do seu corpo,
Dos seus ossos,
E de sentir o tremor firme e doce
De quando lhe beijo
E volto a beijar,
E volto a beijar,
E volto a beijar..."
Eu gosto do que ele faz
Eu gosto de como ele faz
Eu gosto de sentir as formas do seu corpo,
Dos seus ossos,
E de sentir o tremor firme e doce
De quando lhe beijo
E volto a beijar,
E volto a beijar,
E volto a beijar..."
-*-*-*-
InsensatezAdemir A. Bacca
Eu navego
em ti
o desejo insano
que persegue
anos a fio.
Nas águas perigosas
do teu cio
eu me deixaria afogar
de vez.
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-*-*-*-
Sexta-Feira a noite
Marina Colasanti
Sexta-feira à noite
os homens acariciam o clitóris das esposas
com dedos molhados de saliva.
O mesmo gesto com que todos os dias
contam dinheiro papéis documentos
e folheiam nas revistas
a vida dos seus ídolos.
Sexta-feira à noite
os homens penetram suas esposas
com tédio e pênis.
O mesmo tédio com que todos os dias
enfiam o carro na garagem
o dedo no nariz
e metem a mão no bolso
para coçar o saco.
Sexta-feira à noite
os homens ressonam de borco
enquanto as mulheres no escuro
encaram seu destino
e sonham com o príncipe encantado.
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-*-*-*-
A puta
Carlos D. de Andrade
Quero conhecer a puta.
A puta da cidade.
A única.
A fornecedora.
Na rua de Baixo
Onde é proibido passar.
Onde o ar é vidro ardendo
E labaredas torram a língua
De quem disser:
Eu quero A puta
Quero a puta, quero a puta.
Ela arreganha dentes largos
De longe. Na mata do cabelo
Se abre toda, chupante
Boca de mina amanteigada
Quente.
A puta quente.
É preciso crescer esta noite inteira sem parar
De crescer e querer
A puta que não sabe
O gosto do desejo do menino
O gosto menino
Que nem o menino
Sabe, e quer saber, querendo a puta.
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-*-*-*-
Nua
Manoel Bandeira
Quando estás vestida, Ninguém imagina
Os mundos que escondes
Sob as tuas roupas.
Assim, quando é dia,
Não temos noção
Dos astros que luzem
No profundo céu.
Mas a noite é nua,
E, nua na noite,
Palpitam teus mundos
E os mundos da noite.
Brilham teus joelhos,
Brilha o teu umbigo,
Brilha toda a tua
Lira abdominal.
Teus exíguos
- Como na rijeza
Do tronco robusto
Dois frutos pequenos –
Brilham.
Ah, teus seios!
Teus duros mamilos!
Teu dorso! Teus flancos!
Ah, tuas espáduas!
Se nua, teus olhosFicam nus também:
Teu olhar, mais longe,
Mais lento, mais líquido.
Então, dentro deles,
Bóio, nado, salto
Baixo num mergulho
Perpendicular.
Baixo até o mais fundo
De teu ser, lá onde
Me sorri tu’alma
Nua, nua, nua…
-*-*-*-
Erotismo: falta de moral?
Participando de um fórum num famoso site de relacionamentos – preciso dizer que estou falando de Orkut? – em uma comunidade de um site de histórias, há algumas semanas me deparei com um tópico bastante interessante.
Um usuário do site, fez uma série de questionamentos aos demais sobre o processo de escrita, tipo: o que o levava a escrever, fossem fanfics ou originais, se aquilo que escreve poderia futuramente ser publicado ou roteirizado. Perguntas normais, e bem colocadas até então, mas uma delas me chamou a atenção. Não pela pergunta em si, mas pela resposta.
A questão era: você escreve temas eróticos? Caso não, explique o motivo.
Quem escreve ficção e freqüenta sites para leitura de trabalhos amadores ou expõe ali os seus trabalhos, sabe que o tema erótico é bastante usual. Quando eu digo “bastante”, é bastante mesmo. Alguns bem retratados, outros, porcamente... mas sendo mais uma questão de estilo e prática (não do ato sexual, e sim literário).
A resposta de uma das participantes do fórum foi o seguinte.
Um usuário do site, fez uma série de questionamentos aos demais sobre o processo de escrita, tipo: o que o levava a escrever, fossem fanfics ou originais, se aquilo que escreve poderia futuramente ser publicado ou roteirizado. Perguntas normais, e bem colocadas até então, mas uma delas me chamou a atenção. Não pela pergunta em si, mas pela resposta.
A questão era: você escreve temas eróticos? Caso não, explique o motivo.
Quem escreve ficção e freqüenta sites para leitura de trabalhos amadores ou expõe ali os seus trabalhos, sabe que o tema erótico é bastante usual. Quando eu digo “bastante”, é bastante mesmo. Alguns bem retratados, outros, porcamente... mas sendo mais uma questão de estilo e prática (não do ato sexual, e sim literário).
A resposta de uma das participantes do fórum foi o seguinte.
"Porque tenho moral. Como se já não bastasse a sociedade estar podre do
jeito que está, uma imprensa que não é neutra e uma mídia diariamente entupiando
(sic) nossas casas de pornografia, sexo e incentivo a violência, destruindo a
infância de muitas crianças e acabando com o senso de moral das pessoas, para
que vou escrever algo erótico? Uma porcaria, detesto essas coisas!"
Bem, esquecendo que, no meio da argumentação temos algo sobre imprensa neutra, que é um argumento falho, visto que imparcialidade não existe. – é, inclua-se aí também o papai Noel, o coelhinho da páscoa e a fada do dente, contos de fada e “viveram felizes para sempre”.
Esquecendo também que, no perfil da pessoa, fica bem claro que deve ser uma adolescente e tem lá suas convicções religiosas, no qual não vou me ater por respeito à diversidade de crenças. Crenças dela e a minha própria.
Esclarecendo aqui, que não sigo qualquer religião, mas isso, ao meu ver não me faz menos filha de Deus.
Resta uma pergunta: o que sexo e erotismo tem a ver com moral???
Ao meu ver, nada. Quer dizer, esta pessoa deve ter nascido por inseminação artificial, ou intermédio do divino espírito santo, caso contrário, seus pais devem ser imorais. Como meu professor de faculdade disse para nossa turma uma vez, quando estávamos no primeiro ano: ora! Qual o problema? Seus pais fizeram isso pra vocês nascerem!
Outro ponto: escrever ou ler histórias de temática erótica me faz uma pessoa imoral? Sou uma pessoa suja e pecadora?
Numa sociedade que parece avançada, é esquisito ver o quanto um ato normal, natural e saudável pode ser visto com tanto rigor. Pensar em sexo é feio? Fazê-lo por prazer é imoral? Ele só pode ser admitido para fins de procriação? Fazê-lo antes do casamento é crime? A mulher que assim o fizer não poderá entrar na porta da frente da igreja? As pessoas que o fazem com freqüência, seja casual ou não, são pecadoras que em breve queimarão no mármore do inferno? A distribuição de preservativos em escolas e de meios contraceptivos pela rede pública de saúde incitam o sexo precoce?
Achar que sexo é normal e natural me faz ser uma pessoa de índole duvidosa? Uma pessoa pode ser classificada como boa ou ruim pela freqüência com que tem relações sexuais? O caráter de uma pessoa pode ser medido por sua opção sexual?
Não, acho que não. Parece ser lavagem cerebral alguém que pense dessa forma.
Admito que parte de sua crítica está certa, afinal a mídia realmente estimula o erotismo precoce, e etc e tal... mas também temos de admitir que a educação que vem de casa também não ajuda muito, afinal, por que a TV tem que ficar sempre ligada? Televisão nunca foi babá. E existe uma tecla de liga/desliga, cujo uso não requer prática, tampouco experiência.
Muito fácil culpar a mídia por tudo o que acontece de ruim ou indevido que aconteça na face da Terra, quando se “aqueles que a constroem”- sim, o público não é apenas um fantoche: ele também faz a mídia - se vestem de falso moralismo e apenas a condena, sem aceitar sua parcela de responsabilidade. Apenas criticam, sem se importar em fazer algo que possa mudar o panorama, afinal, falar é fácil.
É fácil ser preconceituoso e afirmar que o problema são os outros. Fácil também dizer que os outros é que são sujos enquanto considera a si mesmo um exemplo de pessoa. Desejo sinceramente, que este tipo de gente tome cuidado para não se afogar em tanta retidão moral.
Por Emanuelle Najjar, jornalista
